Segundo a Polícia Civil e a Justiça, na maioria dos homicídios deste ano (são excluídos praticamente só os casos de latrocínio, que são os roubos com morte, e os crimes passionais), de alguma forma, o fato de as vítimas terem tido envolvimento com drogas acabou colaborando para que elas perdessem a vida. Se o tráfico nem sempre foi o desencadeador do gatilho que ceifou a vida dessas pessoas, ele aproximou vítimas como Anderson, Maria Silvana, Márcio e Jenifer dos autores dos crimes e do desfecho trágico de suas vidas.
_ Já tínhamos perdido um primo, que era traficante, no ano passado. Agora, mataram meu irmão, que tinha sido usuário, mas tinha se recuperado. Se não fossem as drogas, quem o matou não teria arma, não teria uma moto para usar e fugir do local do crime _ lamenta a cabeleireira Adriana Rodrigues Quinhones, 29 anos, irmã de Anderson.
O jovem, que foi assassinado com seis tiros, encaixa-se no perfil da maioria das vítimas deste ano: homens, jovens (entre 18 e 30 anos), que morreram com disparos de arma de fogo, na rua, geralmente perto de casa.
_ Cada vez que o Márcio bebia, procurava as drogas. Ele chegou a parar, para cuidar da nossa mãe, que teve câncer. Quando ela morreu, ele se desesperou. Com certeza, se não fossem as drogas, hoje ele estaria vivo, porque as amizades teriam sido outras, e ele não estaria no local onde foi assassinado em busca de drogas _ lamenta o irmão de Márcio, Sidmar Francisco da Silva, 44 anos.
No começo de agosto, a cidade alcançou o mesmo número de mortes violentas de 2013. Um ritmo que, se tivesse sido mantido, faria com que Santa Maria já tivesse registrado 66 assassinatos.
_ Embora, antes, o tráfico já estivesse presente nos casos de homicídio, hoje, ele está mais declarado _ diz o juiz da 1ª Vara Criminal, Ulysses Fonseca Louzada.

Foram 45 dias sem mortes
Nos bastidores, a sensação de insegurança foi multiplicada pela informação que corria de que existiria uma lista de pessoas que seriam assassinadas. Seriam, ao todo, 40 mortos, todos com algum tipo de ligação com o sistema prisional.
_ Nas inúmeras buscas feitas pelos agentes penitenciários, essa lista nunca foi encontrada. Então, praticamente, temos a certeza de que ela não existe. Algumas pessoas sabiam que estavam juradas de morte porque tinham problemas dentro do sistema prisional _ afirma Meinerz.
Para quem perdeu alguém, nem sempre é fácil tocar a vida:
_ Foi de apavorar. Foi um choque para nós. Eu tenho medo. Até de um tiro na parede ou que entrem dentro de casa _ conta uma familiar de Anderson, sobre o trauma de o sobrinho ter sido assassinado.
Depois do reforço em ações de prisões de foragidos e apreensão de armas, da chegada de um titular na Vara de Execuções Criminais e de uma fiscalização mais intensa dos apenados dos regimes aberto e semiaberto, a cidade estava, até a morte de Orlando José de Vargas, na noite da última terça-feira, há 45 dias sem homicídios. Antes disso, o maior período sem assassinatos havia sido de 16 dias.
Por trás das esta"